sábado, 7 de março de 2015

A (MINHA) HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÓMICO - Capítulo15. A Teoria Keynesiana (I)

15. A Teoria Keynesiana (I)










15.1. Vida e Obra


John Maynard Keynes nasceu em Inglaterra no ano de 1883. Seu pai foi John Neville Keynes, destacado economista e lógico, e de Florence Ada Keynes.

Ambos educaram o filho em Eton e no King’s College, onde se distinguiu em Matemática, além de estudar os Clássicos, Filosofia e Economia, tendo esta última disciplina sido ministrada sob as luzes de Alfred Marshall.

Foi o maior expoente da delegação do Tesouro Britânico na conferência que se seguiu à 1ª Guerra Mundial, e teve papel bastante importante na conferência de Bretton Woods (1944), onde foi chefe da Comissão Britânica para a organização do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).

Foi o fundador da moderna macroeconomia, que se constituiu a partir da sua obra principal, “A Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda” (1936).

A sua primeira obra literária foi “Moeda e Finanças Indianas” (1913). Outras obras foram “As Consequências Económicas da Paz” e “O Tratado sobre a Reforma Monetária” (1923). Durante o período da Grande Depressão, Keynes publicou a obra “O meio para a prosperidade” (1933), onde apresentava recomendações de política específica de luta contra o desemprego perante períodos de recessão global (é nesta obra que faz a primeira noção de efeito multiplicador. Uma das cópias desse livro foi enviada ao Presidente norte-americano Roosevelt e a outros líderes mundiais.

Na ocasião do seu falecimento, em 1946, pouco tempo depois de ter preparado o acordo do empréstimo americano, ele era o economista líder não somente na Inglaterra como em todo o mundo.



15.2. O Mercado de Trabalho

O Sr. Keynes escreve a sua obra “Teoria Geral”, a mais importante, num período de grande depressão económica e elevadíssimo desemprego.

Em relação ao elevado desemprego, Keynes é confrontado com uma teoria clássica, em que os mercados se ajustariam e houvesse pleno emprego, algo que Keynes não entendia nem conseguia ver.

É a reação de Keynes a uma teoria que não era capaz de explicar aquilo que estava a acontecer, era uma discordância total.

John M. Keynes quando fala dos Clássicos, refere-se ao período de Adam Smith até Marshall.

Há três grandes áreas do pensamento económico em que Keynes tem grande discordância:

·         Área do emprego (Mercado de Trabalho)






Poderemos caracterizar o mercado de trabalho na perspetiva neoclássica, onde existe flexibilidade do lado da procura e oferta do fator trabalho e, portanto, a tendência é se o mercado funcionar normalmente, não houver rigidez e regulação nos mercados, o desemprego é considerado voluntário. Só existe desemprego involuntário se os mercados não funcionarem, se houver interferências.
















Em que:
·         Le é o Trabalho de equilíbrio



Só quando o mercado de trabalho não funciona normalmente, como por exemplo a fixação de um salário mínimo, tem como consequência a Oferta ser maior que a Procura (S>D) e esta disfuncionalidade, para os Neoclássicos, tem a ver com a não flexibilidade dos salários.



O pensamento neoclássico diz-nos que se os salários baixarem haverá uma tendência para os empresários procurarem mais trabalho.

Se o trabalho (L) aumenta, então Y aumenta.

A razão causal neoclássica é de que:









Recusa a transposição para o plano macroeconómico do raciocínio microeconómico.



Por exemplo:

  •       Se estivéssemos numa sala de espetáculos e um de nós se levantasse, passava a ver melhor o espetáculo, mas se todos se levantassem passávamos a ficar na mesma, ou seja, não é possível passarmos do plano micro para o macro.  
  •         Imaginem que o preço dos chocolates aumenta 10% e os outros se mantêm constantes. Segundo a teoria neoclássica a procura vai diminuir, mas se os preços de todos os bens aumentarem 10%, neste caso estaremos a falar de um processo inflacionista, logo, a procura de chocolate mantém-se na mesma e por isso não é possível passarmos do plano microeconómico para o macroeconómico.

O resultado que se obtém no plano micro não pode ser o resultado no plano macro.

A necessidade de aparecer uma teoria para explicar o nível de emprego, daí o aparecimento da teoria Keynesiana da determinação do emprego e do salário.



  •            Os trabalhadores têm um papel passivo na determinação do salário
  •     Se assim é, quer W quer L são determinados pela conjuntura económica e essa conjuntura económica determina-se fora da sua capacidade de intervir
  •            Se assim é, o pleno emprego não é igual ao nível de emprego
  •            Se assim é, existe desemprego involuntário.


- Se o Y é a variável estratégica, qual é a variável determinante?
É o Investimento. Aqui os Investimentos são o Privado e o Público. Ele considera que em períodos de crise no setor privado há uma grande desconfiança.
Então passamos a ter uma relação causal, pois é o nível de atividade que vai justificar o nível de emprego na economia.

É a partir de Y que se chega a L, e não como diziam os Clássicos, que era a partir de L que se chegava a Y.


Keynes não pôs em causa a função de Y ser em função de L, teremos sim a função recíproca → L = F-1(Y).


Keynes considerava que o salário era igual PmgL → W = PmgL (não resulta do funcionamento do Mercado de Trabalho).


       

15.3. O Mercado de Investimento

Como se disse inicialmente, estamos a olhar para um confronto de Keynes aos Neoclássicos.



O Y é determinado pela Oferta Agregada e, relativamente a esta afetação do Y, nós temos a poupança (S) e temos, por outro lado, a procura de investimento (I) por parte dos empresários. O consumo (C) é a parte de Y que não foi poupada pois, segundo os neoclássicos, havia um mercado de investimento e a taxa de juro (r) iria confrontar a parte poupada com a não poupada.



Perspetiva Keynesiana:

A 1ª questão é que Keynes acha que Y surge do confronto da procura agregada (DA) da economia com a oferta agregada (SA) da economia, que vai determinar a chamada “Procura Efetiva”.


Conhecendo a Procura Efetiva, o nível de emprego irá depender desse nível de procura.


Mas temos outro problema, quais são as leis que regem as componentes do lado da procura?

Resposta: Consumo e Investimento.



Consumo:

Segundo os neoclássicos, o consumo era um resíduo e a poupança era uma variável fundamental.

Na perspetiva Keynesiana, o Consumo é uma variável determinante e a Poupança é considerada um resíduo. A Poupança passa a ser função do Rendimento Nacional (Y), dependendo de Y e não da taxa de juro de equilíbrio de mercado de investimento.

Notas:
  •  Este Ye há-de ser determinado pelo confronto entre a Procura Agregada e a               Oferta Agregada.
  • O consumo depende de Y, então o consumo não pode desempenhar um papel           fundamental na determinação do Y.



Segundo Keynes, será o Investimento que constitui o motor da determinação do rendimento nacional (Y).



Investimento:

    I = I (R)

Breve introdução

A função de Investimento Neoclássica tem claras semelhanças com a Teoria Keynesiana da função Investimento.


A grande semelhança é que o volume de investimento decresce quando a taxa de juro aumenta.


Há novas contribuições aqui:

A função de Investimento em Keynes é dinamizada. A função Neoclássica trabalha apenas em dois períodos.


A de Keynes tem a incerteza, o risco, logo inclui a chamada antecipação.














Conceito de taxa de rendimento de um investimento

Conceito de taxa desse rendimento antecipado


Se tivermos n anuidades e uma vez chegada à última anuidade → Rn, o Investimento esgota-se Ib, logo esse Stock de Capital torna-se obsoleto e o valor de mercado é zero.


A esta taxa R, o valor atualizado será Ib





Keynes acrescenta, em regra as empresas não conhecem essas anuidades, logo trabalham com uma taxa de rendimento antecipado previsional.





Quando este Investimento diz respeito à última anuidade chama-se Taxa de Eficiência Marginal do Capital.


John M. Keynes, na sua teoria, vai utilizar a Teoria dos Rendimentos Decrescentes e vai deduzir esse rendimento real a antecipado das sucessivas unidades de capital, logo a Eficiência Marginal do Capital tende a diminuir, dade pela letra e. Enquanto a Eficiência Marginal do capital for > que a Taxa de Mercado a empresa tem lucro, então utiliza mais Capital (K).

∆K > 0, isto termina quando ∆K = 0, ou seja, e = i.

O volume de investimento ótimo será aquele em que a taxa da última anuidade verifique esta igualdade (e = i).

Teoria Neoclássica (Pmg K)


Situação de equilíbrio:



O conceito fundamental para a teoria neoclássica, em termos de investimento e stock de capital, é a Pmg do stock de capital.


Exemplo:









Pmg = p.∂y/∂k = 10/100 = 0,1 (10%)


Como se chega à Pmg?

Deduz-se a Amortização (20€) da ∆R (30€) e isto é a Receita líquida 10€.

O ganho líquido é de 10€.



Cálculo da Eficiência Marginal (2 períodos)Teoria Keynesiana














O coeficiente de eficiência marginal não se distingue no caso de apenas dois períodos, só é diferente para o caso de vários períodos.

Quando estamos a falar de só 2 períodos o risco é quase nulo.

Em Keynes, os vários períodos vão cobrir a quase totalidade da duração de uma máquina.

A empresa precisa de um período mais longo de tempo para viabilizar o seu próprio investimento. Portanto, se o período é mais longo a questão da incerteza é essencial, então o coeficiente (e) é, no fundo, uma taxa de rendimento antecipada.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
  •          Blaug, Mark, [Cap. 16]
  •          Ekelund, R. B. and Hérbert, R.F., [Cap. 18]
  •          Rima, I. H., [Caps. 20 e 21]
  •          Saby e Saby, [Caps. 13 – 16]



























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