15. A Teoria Keynesiana
(I)
15.1. Vida e Obra
John
Maynard Keynes nasceu em Inglaterra no ano de 1883. Seu pai foi John Neville Keynes,
destacado economista e lógico, e de Florence Ada Keynes.
Ambos
educaram o filho em Eton e no King’s College, onde se distinguiu em Matemática,
além de estudar os Clássicos, Filosofia e Economia, tendo esta última
disciplina sido ministrada sob as luzes de Alfred Marshall.
Foi
o maior expoente da delegação do Tesouro Britânico na conferência que se seguiu
à 1ª Guerra Mundial, e teve papel bastante importante na conferência de Bretton
Woods (1944), onde foi chefe da Comissão Britânica para a organização do Fundo
Monetário Internacional (FMI) e do Banco Internacional de Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD).
Foi
o fundador da moderna macroeconomia, que se constituiu a partir da sua obra
principal, “A Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda” (1936).
A sua primeira obra
literária foi “Moeda e Finanças Indianas” (1913). Outras obras foram “As
Consequências Económicas da Paz” e “O Tratado sobre a Reforma Monetária”
(1923). Durante o período da Grande Depressão, Keynes publicou a obra “O
meio para a prosperidade” (1933), onde apresentava recomendações de
política específica de luta contra o desemprego perante períodos de recessão
global (é nesta obra que faz a primeira noção de efeito multiplicador.
Uma das cópias desse livro foi enviada ao Presidente norte-americano Roosevelt
e a outros líderes mundiais.
Na ocasião do seu
falecimento, em 1946, pouco tempo depois de ter preparado o acordo do
empréstimo americano, ele era o economista líder não somente na Inglaterra como
em todo o mundo.
15.2. O Mercado de
Trabalho
O Sr. Keynes escreve
a sua obra “Teoria Geral”, a mais importante, num período de grande depressão
económica e elevadíssimo desemprego.
Em relação ao elevado
desemprego, Keynes é confrontado com uma teoria clássica, em que os mercados se
ajustariam e houvesse pleno emprego, algo que Keynes não entendia nem conseguia
ver.
É a reação de Keynes
a uma teoria que não era capaz de explicar aquilo que estava a acontecer, era
uma discordância total.
John M. Keynes quando
fala dos Clássicos, refere-se ao período de Adam Smith até Marshall.
·
Área do emprego (Mercado de Trabalho)
Poderemos
caracterizar o mercado de trabalho na perspetiva neoclássica, onde existe
flexibilidade do lado da procura e oferta do fator trabalho e, portanto, a
tendência é se o mercado funcionar normalmente, não houver rigidez e regulação
nos mercados, o desemprego é considerado voluntário. Só existe desemprego
involuntário se os mercados não funcionarem, se houver interferências.
·
Le é o Trabalho de equilíbrio
Só quando o mercado
de trabalho não funciona normalmente, como por exemplo a fixação de um salário
mínimo, tem como consequência a Oferta ser maior que a Procura (S>D) e esta
disfuncionalidade, para os Neoclássicos, tem a ver com a não flexibilidade dos
salários.
O pensamento
neoclássico diz-nos que se os salários baixarem haverá uma tendência para os
empresários procurarem mais trabalho.
Se o trabalho (L) aumenta,
então Y aumenta.
A razão causal
neoclássica é de que:
Recusa a transposição
para o plano macroeconómico do raciocínio microeconómico.
Por exemplo:
- Se estivéssemos numa sala de espetáculos e um de nós se levantasse, passava a ver melhor o espetáculo, mas se todos se levantassem passávamos a ficar na mesma, ou seja, não é possível passarmos do plano micro para o macro.
- Imaginem que o preço dos chocolates aumenta 10% e os outros se mantêm constantes. Segundo a teoria neoclássica a procura vai diminuir, mas se os preços de todos os bens aumentarem 10%, neste caso estaremos a falar de um processo inflacionista, logo, a procura de chocolate mantém-se na mesma e por isso não é possível passarmos do plano microeconómico para o macroeconómico.
O
resultado que se obtém no plano micro não pode ser o resultado no plano macro.
A necessidade
de aparecer uma teoria para explicar o nível de emprego, daí o aparecimento da
teoria Keynesiana da determinação do emprego e do salário.
- Os trabalhadores têm um papel passivo na determinação do salário
- Se assim é, quer W quer L são determinados pela conjuntura económica e essa conjuntura económica determina-se fora da sua capacidade de intervir
- Se assim é, o pleno emprego não é igual ao nível de emprego
- Se assim é, existe desemprego involuntário.
-
Se o Y é a variável estratégica, qual é a variável determinante?
É o
Investimento. Aqui os Investimentos são o Privado e o Público. Ele considera
que em períodos de crise no setor privado há uma grande desconfiança.
Então
passamos a ter uma relação causal, pois é o nível de atividade que vai
justificar o nível de emprego na economia.
É a
partir de Y que se chega a L, e não como diziam os Clássicos, que era a partir
de L que se chegava a Y.
Keynes
não pôs em causa a função de Y ser em função de L, teremos sim a função
recíproca → L = F-1(Y).
Keynes
considerava que o salário era igual PmgL → W = PmgL (não
resulta do funcionamento do Mercado de Trabalho).
15.3. O Mercado de
Investimento
Como se disse inicialmente,
estamos a olhar para um confronto de Keynes aos Neoclássicos.
O Y é determinado
pela Oferta Agregada e, relativamente a esta afetação do Y, nós temos a
poupança (S) e temos, por outro lado, a procura de investimento (I) por parte
dos empresários. O consumo (C) é a parte de Y que não foi poupada pois, segundo
os neoclássicos, havia um mercado de investimento e a taxa de juro (r) iria
confrontar a parte poupada com a não poupada.
Perspetiva Keynesiana:
A 1ª questão é que Keynes acha
que Y surge do confronto da procura agregada (DA) da economia com a oferta agregada
(SA) da economia, que vai determinar a chamada “Procura Efetiva”.
Conhecendo a Procura Efetiva,
o nível de emprego irá depender desse nível de procura.
Mas temos outro
problema, quais são as leis que regem as componentes do lado da procura?
Resposta:
Consumo e Investimento.
Consumo:
Segundo os neoclássicos, o
consumo era um resíduo e a poupança era uma variável fundamental.
Na perspetiva Keynesiana, o Consumo
é uma variável determinante e a Poupança é considerada um resíduo. A Poupança
passa a ser função do Rendimento Nacional (Y), dependendo de Y e não da taxa de
juro de equilíbrio de mercado de investimento.
Notas:
- Este Ye há-de ser determinado pelo confronto entre a Procura Agregada e a Oferta Agregada.
- O consumo depende de Y, então o consumo não pode desempenhar um papel fundamental na determinação do Y.
Segundo Keynes, será o Investimento
que constitui o motor da determinação do rendimento nacional (Y).
Investimento:
I = I (R)
Breve introdução
A função de Investimento Neoclássica
tem claras semelhanças com a Teoria Keynesiana da função Investimento.
A grande semelhança é que o
volume de investimento decresce quando a taxa de juro aumenta.
Há novas contribuições
aqui:
A função de Investimento em
Keynes é dinamizada. A função Neoclássica trabalha apenas em dois períodos.
A de Keynes tem a incerteza, o
risco, logo inclui a chamada antecipação.
Conceito de taxa
de rendimento de um investimento
Conceito de taxa
desse rendimento antecipado
Se tivermos n anuidades
e uma vez chegada à última anuidade → Rn, o Investimento esgota-se Ib,
logo esse Stock de Capital torna-se obsoleto e o valor de mercado é
zero.
A esta taxa R, o valor
atualizado será Ib
Quando este Investimento diz respeito
à última anuidade chama-se Taxa de Eficiência Marginal do Capital.
John M. Keynes, na sua teoria,
vai utilizar a Teoria dos Rendimentos Decrescentes e vai deduzir esse
rendimento real a antecipado das sucessivas unidades de capital, logo a Eficiência
Marginal do Capital tende a diminuir, dade pela letra e. Enquanto a
Eficiência Marginal do capital for > que a Taxa de Mercado a empresa tem
lucro, então utiliza mais Capital (K).
∆K > 0, isto termina quando
∆K = 0, ou seja, e = i.
O volume de investimento ótimo
será aquele em que a taxa da última anuidade verifique esta igualdade (e = i).
Teoria
Neoclássica (Pmg K)
Situação de equilíbrio:
O conceito fundamental para a
teoria neoclássica, em termos de investimento e stock de capital, é a Pmg do
stock de capital.
Exemplo:
Pmg = p.∂y/∂k = 10/100 = 0,1
(10%)
Como se chega à Pmg?
Deduz-se a Amortização (20€)
da ∆R (30€) e isto é a Receita líquida 10€.
O ganho líquido é de 10€.
Cálculo da
Eficiência Marginal (2 períodos) → Teoria
Keynesiana
O coeficiente de eficiência
marginal não se distingue no caso de apenas dois períodos, só é diferente para
o caso de vários períodos.
Quando estamos a falar de só 2
períodos o risco é quase nulo.
Em Keynes, os vários períodos
vão cobrir a quase totalidade da duração de uma máquina.
A empresa precisa de um
período mais longo de tempo para viabilizar o seu próprio investimento.
Portanto, se o período é mais longo a questão da incerteza é essencial, então o
coeficiente (e) é, no fundo, uma taxa de rendimento antecipada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- Blaug, Mark, [Cap. 16]
- Ekelund, R. B. and Hérbert, R.F., [Cap. 18]
- Rima, I. H., [Caps. 20 e 21]
- Saby e Saby, [Caps. 13 – 16]
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