13. A Escola Lausana:
Walras e Pareto
13.1. Introdução
·
A Escola Lausana
Ø Entre 1870 e 1907, a análise económica conheceu um
progresso assinalável com as teorias desenvolvidas na Academia de Lausana
(Suíça) por:
§ Léon Walras (França)
§ Vilfredo Pareto (Itália)
Ø Contribuições da Escola de Lausana:
§ Teoria da Utilidade Marginal (Walras)
§ Teoria do equilíbrio geral (Walras)
§ Aplicação da teoria do equilíbrio geral à economia
do bem-estar (Pareto)
13.2. Léon Walras
13.2.1 Biografia
Filho
do filósofo e economista francês Auguste Walras. Promete-lhe continuar a
dedicar-se ao avanço da teoria económica.
Leciona
Economia Política na Faculdade de Direito da Universidade de Lausana.(1870)
Reforma-se
da Universidade em 1892, sendo substituído por Vilfredo Pareto.
Falece
aos 76 anos em Clarens (Suíça).
·
Eléments d’Économie Politique, (1874 e 1877).
13.2.2 O Sistema de Equações Walrasianas
Walras
considerou um caso geral de um sistema económico que contivesse n
consumidores e m bens.
(XA,YA);
(XB,YB); (Px, Py)
1 O Equilíbrio entre a Oferta e a Procura
O
equilíbrio de mercado de cada bem resulta do equilíbrio entre a oferta e a
procura e pode escrever-se:
Na
1ª equação, XA é a procura subjetiva do individuo A do bem X;
XSA é o stock inicial do bem X para o individuo A.
(XA
– XSA) é a procura objetiva do individuo A para o
bem X.
Significam
que a curva de procura de cada um dos bens deve ser igual à curva de oferta, ou
seja, a soma das procuras objetivas, positivas ou negativas, tem de ser igual a
zero.
2 O Equilíbrio do Consumidor
Os
consumidores procuram maximizar a sua utilidade, o que implica a igualdade
entre os preços dos bens e as suas utilidades marginais para cada um dos
indivíduos.
·
UmgAX/UmgAY
= PX/PY e UmgBX/UmgAY = PX/PY
3 O Princípio da Conservação do Valor
Significa
que os preços a determinar devem respeitar este princípio, ou seja, cada
individuo, após a troca, deve possuir o mesmo valor que detinha antes da troca,
ou seja, o individuo com a troca não ganha nem perde, apenas tem um ganho de
utilidade.
·
PXXA
+ PYYA = PXXSA + PYYSA
(Consumidor A)
·
PXXB
+ PYYB = PXXSB + PYYSB
(Consumidor B)
O 1º
membro indica o valor depois da troca, o 2º membro indica o valor antes da
troca.
Se juntarmos
todas as equações ficamos com um modelo que tem 6 equações e 6 incógnitas.
À
partida este modelo poderá ser determinado, mas é possível demonstrar que a
última equação é uma combinação linear das 5 primeiras equações, o que
significa que assim só temos 5 equações linearmente independentes. Esta última
equação designa-se por Identidade de Walras.
Então
ficamos numa situação em que temos 5 equações e 6 incógnitas, logo caímos numa
situação de indeterminação.
Do
ponto de vista económico estas equações só conseguem determinar os preços
relativos dos bens trocados, ou seja, o seu valor de troca. Para levantar a
indeterminação basta fixar o preço de um dos bens (ex.: PX = 1) para
ficarmos com um sistema de 5 equações e 5 incógnitas.
O
modelo Walrasiano teve grande importância porque foi o primeiro a representar o
equilíbrio geral, mostrando a variedade de interações que existe entre os
diversos mercados, pondo em evidência o sistema de preços gerado por essas
interações.
·
Abordagem
do Equilíbrio Parcial
(Marshall):
Determinação do preço e da quantidade de equilíbrio
em cada mercado através das curvas de procura e oferta obtidas sob a condição Coeteris
Paribus. Cada mercado é independente dos outros.
Determinação simultânea dos preços e das quantidades
que equilibram os diversos mercados (produto e fatores). Os mercados são
independentes.
“Muito antes
de Walras, Cournot tinha compreendido que ‘para uma solução completa e precisa
dos problemas parciais do sistema económico, é inevitável que se considere todo
o sistema’. Mas Cournot pensava que o problema do equilíbrio geral estava para
além dos recursos disponíveis da análise matemática”, (in, Blaug, M., 1990,
pág. 351).
A
interdependência dos setores da economia é uma ideia relativamente simples de
concetualizar, mas extremamente difícil de formalizar. O grande contributo de
Walras foi a formalização do sistema de equilíbrio geral.
Walras
pensava que a demonstração da existência de uma solução para o equilíbrio geral
envolvia apenas a contagem do número de equações e incógnitas.
De
facto, a igualdade entre o número de equações e incógnitas garante uma solução
de equilíbrio, contudo é possível demonstrar (Debreu e Arrow, 1954) que a
igualdade do número de equações e de incógnitas não constitui uma condição
necessária nem suficiente para a existência de uma solução de equilíbrio geral
única.
Pode
ocorrer a existência de equilíbrios múltiplos e/ou soluções sem significado
económico (preços e/ou quantidades negativas).
·
Caso exista uma
solução única com significado económico, a mesma será estável?
Ø O equilíbrio é estável se a curva de excesso de
procura tiver inclinação negativa no ponto em que interceta o eixo dos preços.
Ø O equilíbrio é instável se a curva de excesso de
procura tiver inclinação positiva no ponto em que interceta o eixo dos preços.
- Coautor da Teoria da Utilidade Marginal
- Formalização matemática do modelo de Equilíbrio Geral
- “A economia é um grande autocarro que contém muitos passageiros de incomensuráveis interesses e capacidades. No entanto, no que toca à economia pura, Walras é, na minha opinião, o maior de todos os economistas”, [Schumpeter, J. A. (1954), History of Economic Analysis].
13.3.1 Biografia
Nasce
em Paris, no seio de uma família aristocrata italiana exilada em França.
Em
1858, regressa, junto com a família, a Itália.
Dirige
a Companhia Ferroviária de Roma (1870) e mais tarde uma grande empresa
metalúrgica de Florença (1874).
Envolve-se
em atividades políticas, mas desilude-se com a corrupção que grassa no seio dos
burocratas ligados ao poder.
Influenciado
pelo líder italiano da economia neoclássica de então, Maffeo Pantaleoni,
dedica-se por volta de 1890 à economia pura, lendo Cournot, Edgeworth e Walras.
Em
1893 é escolhido para suceder a Léon Walras na cadeira de Economia Política na
Universidade de Lausana.
Aposenta-se
em 1907 e falece em Genebra aos 75 anos.
13.3.2 Obras relevantes
Ótimos
de Pareto são pontos de tangência entre as curvas de indiferença de cada um dos
consumidores.
·
Parte-se de duas
hipóteses:
Ø 2 Bens de consumo (X, Y)
Ø 2 Indivíduos (a, b)
Acrescentando as curvas de
indiferença de cada individuo à caixa:
13.3.4 Análise da relação entre o equilíbrio Walrasiano e o Ótimo de Pareto
A
resolução do sistema de equilíbrio Walrasiano permite encontrar o valor do
preço dos bens que assenta na maximização da utilidade de cada um dos
consumidores.
Já
tínhamos visto que o equilíbrio Walrasiano corresponde a uma situação de Ótimo
de Pareto.
Vimos
na Caixa de Edgeworth acima desenhada, que entre P e P’ havia um conjunto de
Ótimos de Pareto.
Coloca-se,
então, a seguinte questão:
Não,
porque o equilíbrio Walrasiano é único. A identificação deste equilíbrio na
Caixa de Edgeworth passa pela introdução da Reta Orçamental e este equilíbrio
corresponderá àquele pelo qual a mesma Reta passa pelo ponto inicial (E) é
tangente às duas curvas de indiferença que se situam na Curva de Contrato.
O equilíbrio
Walrasiano é mais restrito que o Ótimo de Pareto, porque este último não
necessita de um sistema de preços e assim não está submetido ao princípio da
conservação do valor recorrente deste sistema de preços.
Existe
sempre equilíbrio de Pareto onde as TMSAY,X = TMSBY,X
13.4. Limitações do Critério de Pareto
·
Existência de um
número infinito de ótimos de Pareto.
·
A otimalidade de
Pareto é uma condição necessária mas não suficiente para a maximização do
bem-estar social.
·
A maximização do
bem-estar social envolve necessariamente considerações de caracter ético, isto
é, de juízos de valor.
·
A teoria do valor
está errada.
·
Blaug, M., [Cap. 13]
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