sábado, 7 de março de 2015

A (MINHA) HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÓMICO - Capítulo16. A Teoria Keynesiana (II)

16. A Teoria Keynesiana (II)


O multiplicador do Investimento

A consequência do que foi dito anteriormente, é que o Investimento (I) tem uma enorme importância na determinação do Y e melhora a situação do desemprego.

A Poupança (S) é determinada por diferença. Sendo o I a principal variável para Keynes, essa relação entre I e Y tem implicação sobre o efeito multiplicador.

            (1 – b) → economia fechada (o inverso das fugas ao sistema)

Quanto maior for b maior será o efeito causal entre I e Y.

O I passa a ser explicado quer pela taxa de juro quer pela antecipação por parte dos empresários. Eficiência Marginal do Capital.

O i passa a ter dois fatores que determinam o seu montante, que vai ter implicação no Y.

O Y vai influenciar o nível de emprego na economia. A taxa de juro fixa-se no mercado monetário porque para Keynes não havia Mercado de Investimento.

Para Keynes, não há mercado de Investimento por não haver confronto entre a Poupança, Procura e Oferta de I. Para ele a Poupança (S) ajustava-se ao montante de I de forma a determinar a igualdade I = S. Este é um processo macroeconómico.


- Isto porquê?


Porque ele vai analisar a estrutura individual da Poupança e é com essa análise que vai explicar o aparecimento das taxas de juro e analisar o mercado monetário.



16.1. A Teoria Keynesiana da moeda: Hipóteses


As escolhas do individuo


Para Keynes, o agente económico efetuava duas escolhas sucessivas em termos de Consumo (C) ou de Poupança (S) → Uma 1ª Escolha é se vai consumir ou poupar mais, e esta escolha depende do Y e da Propensão Marginal a Consumir (PMC). A parte não consumida é poupada

2ª Escolha, como vai utilizar essa poupança individual? Segundo Keynes há uma poupança que é conservada. Há outra parte é alienado o direito devido imediato. 

Optando por fazer uma das duas escolhas seguintes:
  • O empresário vai fazer mais I, que será função da Eficiência Marginal do Capital e       essa aplicação dependerá da vida útil do equipamento investido.
  • Emprestar a Poupança através da aquisição de um título que lhe proporciona um         juro (Preço da remuneração da liquidez).*

*Em relação ao 2º Ponto, este agente tem a possibilidade de reaver esse título. É por essa razão que Keynes privilegiava a aquisição entre moeda e títulos, daí surge o Paradoxo de que os títulos representam a vantagem de aquisição de um juro, que vai ter mais ou menos liquidez em função da taxa de juro da remuneração desses títulos.

A taxa de juro deixa de ser a remuneração da Poupança, pelo que passa a ser somente a remuneração da última parcela (preço da renuncia da liquidez).



16.2. O Mercado Monetário


Introduz a Procura de Moeda L = L (i) onde a taxa de juro é a recompensa pela renúncia da liquidez. Em relação à Oferta de Moeda (M), o autor considera que é fixada pelas autoridades monetárias e por isso não depende da taxa de juro (i).

Na Teoria Neoclássica a Procura de Moeda é função de Y, ao contrário de Keynes que diz que a Procura de Moeda é função da taxa de juro.


O Esquema Keynesiano (1929)

Vamos ter presente o lado histórico em que Keynes apresenta esta Teoria.

Estamos numa crise económica e com o problema do elevado nível de desemprego generalizado e ele estava preocupado em encontrar os meios para minimizar a grave crise económica traduzida por elevados níveis desse desemprego.

Qualquer política que aumentasse o nível de emprego teria de aumentar o Y que fizesse crescer I.


- Mas como se pode aumentar o I?

Através, por um lado, da taxa de juro e, portanto, do Mercado Monetário, ou então sobre o I, complementando o Investimento Privado, que em períodos de crise se tornava insuficiente e daí a Política Orçamental.

Ou seja, o aumento do I pode ser por duas vias: Através da Política Monetária (sobre a taxa de juro) e através da Política Orçamental (com o Investimento Público a servir de complemento ao Investimento Privado), pois fazer aumentar o Investimento privado como variável estratégica, fazendo aumentar a produção e, consequentemente, o nível de emprego na economia.



16.3. A Política Monetária



























Relativamente à Política Monetária, um aumento da Massa Monetária (M) faz com que haja uma diminuição da taxa de juro. Essa diminuição tem como implicação o aumento do I que, através do efeito multiplicador, faz aumentar o Y e o L, logo uma parte do desemprego seria absorvida.


Algumas observações sobre a Política Monetária Keynesiana

1)
           


Ao contrário da Teoria Neoclássica (Teoria Quantitativa da Moeda) o modelo Keynesiano pressupõe que um aumento da Massa Monetária tem um efeito sobre as variáveis reais, esse efeito é tanto maior quanto maior for o subemprego.


Na Teoria Quantitativa da Moeda a variação da moeda tem consequência nos preços, logo na Teoria Neoclássica a moeda é incapaz de fazer variar as variáveis reais.


2)
            

 A eficácia desta política monetária vai depender das outras Funções, em particular da          Curva do Investimento (I).



3)


  E é preciso que esse valor não seja muito baixo para que a preferência pela liquidez seja     forte.



16.4. A Política Orçamental (Economia Fechada)


            Y = C + I + G

            Y = C + S + T

            I + G = S + T

            C = a + b.Yd


            Yd = Y – T


Segundo Keynes, em situação de crise económica o Estado devia aumentar as suas despesas públicas (∆G) para colmatar o fraco volume de Investimento Privado, pois estava consciente da existência do pessimismo por parte dos investidores. E só nessa situação teria um impacto sobre o Y e sobre C. Esse impacto vai depender da forma como ele é financiado (o Investimento Público como suplemento do Investimento Privado).




16.4.1 Financiamento da ∆G por empréstimo


Esse suplemento (∆G) pode numa 1ª hipótese, ser financiado através de empréstimos, ou seja, não há ∆T, o que ele faz é emitir novos títulos de tesouro.


                 Nota: K é o multiplicador Keynesiano 1/(1 – b).


Ficamos então a ter uma ∆G positiva.

O processo económico concreto da ∆G será igual à ∆I. Não haverá aumento de T e esse aumento de G será financiado através dos empréstimos.



            ∆G = ∆I, em que o multiplicador é igual para ambos





16.4.2 Financiamento da ∆G com impostos



Se a ∆G é financiada através dos Impostos (T), chegamos então à conclusão que está no Teorema de Haavelmo* → K = 1.



Se houver financiamento através de imposto, o resultado não é tão bom como o de antes.








16.4.3 Aumento do défice (∆T < 0 e ∆G = 0)


  •  Se houver uma política orçamental que faça diminuir T, assumindo que não há ∆G, isso tem como consequência um aumento do Défice Orçamental, logo o Estado vai pedir um empréstimo ainda maior.
  •  Não há uma ∆I (Privado e Público), o que há é uma diminuição de T.
  •   A diminuição dos T vai exercer um efeito multiplicador sobre o Y.
  • Uma importante observação, estes resultados subentendem que há uma imutabilidade das Curvas de Procura de Moeda. Não há perturbação no Investimento.




16.5. Síntese Keynesiana

Ø  Ausência do Mercado de Investimento vai permitir que o I adquira um estatuto de autonomia, que lhe confere um papel determinante no Y.
Ø  Ausência de Mercado de Trabalho em Keynes, logo vai haver desemprego involuntário.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
·         Blaug, Mark., [Cap. 16]
·         Ekelund, R. B. and Hérbert, R. F., [Cap.18]
·         Rima, I. H., [Caps. 20 e 21]
·         Saby e Saby, [Caps. 13 – 16]
















Sem comentários:

Enviar um comentário