16. A Teoria Keynesiana
(II)
O multiplicador
do Investimento
A consequência do que foi dito
anteriormente, é que o Investimento (I) tem uma enorme importância na
determinação do Y e melhora a situação do desemprego.
A Poupança (S) é determinada
por diferença. Sendo o I a principal variável para Keynes, essa relação entre I
e Y tem implicação sobre o efeito multiplicador.
(1 – b) → economia fechada (o inverso das fugas ao
sistema)
Quanto maior for b maior será
o efeito causal entre I e Y.
O I passa a ser explicado quer
pela taxa de juro quer pela antecipação por parte dos empresários. Eficiência
Marginal do Capital.
O i passa a ter dois fatores
que determinam o seu montante, que vai ter implicação no Y.
O Y vai influenciar o nível de
emprego na economia. A taxa de juro fixa-se no mercado monetário porque para
Keynes não havia Mercado de Investimento.
Para Keynes, não há mercado de
Investimento por não haver confronto entre a Poupança, Procura e Oferta de I.
Para ele a Poupança (S) ajustava-se ao montante de I de forma a determinar a
igualdade I = S. Este é um processo macroeconómico.
- Isto porquê?
Porque ele vai analisar a
estrutura individual da Poupança e é com essa análise que vai explicar o
aparecimento das taxas de juro e analisar o mercado monetário.
16.1. A Teoria Keynesiana da moeda: Hipóteses
As escolhas do
individuo
|
2ª Escolha, como
vai utilizar essa poupança individual? Segundo Keynes há uma poupança que é
conservada. Há outra parte é alienado o direito devido imediato.
Optando por
fazer uma das duas escolhas seguintes:
- O empresário vai fazer mais I, que será função da Eficiência Marginal do Capital e essa aplicação dependerá da vida útil do equipamento investido.
- Emprestar a Poupança através da aquisição de um título que lhe proporciona um juro (Preço da remuneração da liquidez).*
*Em relação ao 2º Ponto, este
agente tem a possibilidade de reaver esse título. É por essa razão que Keynes
privilegiava a aquisição entre moeda e títulos, daí surge o Paradoxo de que os
títulos representam a vantagem de aquisição de um juro, que vai ter mais ou
menos liquidez em função da taxa de juro da remuneração desses títulos.
A taxa de
juro deixa de ser a remuneração da Poupança, pelo que passa a ser somente a
remuneração da última parcela (preço da renuncia da liquidez).
16.2. O Mercado
Monetário
Introduz a Procura de Moeda L
= L (i) onde a taxa de juro é a recompensa pela renúncia da liquidez. Em
relação à Oferta de Moeda (M), o autor considera que é fixada pelas autoridades
monetárias e por isso não depende da taxa de juro (i).
Na Teoria Neoclássica a
Procura de Moeda é função de Y, ao contrário de Keynes que diz que a Procura de
Moeda é função da taxa de juro.
O Esquema
Keynesiano (1929)
Vamos ter presente o lado
histórico em que Keynes apresenta esta Teoria.
Estamos numa crise económica e
com o problema do elevado nível de desemprego generalizado e ele estava preocupado
em encontrar os meios para minimizar a grave crise económica traduzida por
elevados níveis desse desemprego.
Qualquer política que
aumentasse o nível de emprego teria de aumentar o Y que fizesse crescer I.
- Mas como se
pode aumentar o I?
Através, por um lado, da taxa
de juro e, portanto, do Mercado Monetário, ou então sobre o I, complementando o
Investimento Privado, que em períodos de crise se tornava insuficiente e daí a
Política Orçamental.
Ou seja, o aumento do I pode
ser por duas vias: Através da Política Monetária (sobre a taxa de juro) e
através da Política Orçamental (com o Investimento Público a servir de
complemento ao Investimento Privado), pois fazer aumentar o Investimento
privado como variável estratégica, fazendo aumentar a produção e,
consequentemente, o nível de emprego na economia.
16.3. A Política
Monetária
Relativamente à Política
Monetária, um aumento da Massa Monetária (M) faz com que haja uma diminuição da
taxa de juro. Essa diminuição tem como implicação o aumento do I que, através
do efeito multiplicador, faz aumentar o Y e o L, logo uma parte do desemprego
seria absorvida.
Algumas
observações sobre a Política Monetária Keynesiana
1)
Ao contrário da Teoria
Neoclássica (Teoria Quantitativa da Moeda) o modelo Keynesiano pressupõe que um
aumento da Massa Monetária tem um efeito sobre as variáveis reais, esse efeito
é tanto maior quanto maior for o subemprego.
Na Teoria Quantitativa da
Moeda a variação da moeda tem consequência nos preços, logo na Teoria
Neoclássica a moeda é incapaz de fazer variar as variáveis reais.
2)
A eficácia desta política monetária vai
depender das outras Funções, em particular da Curva do Investimento (I).
3)
E é preciso que esse valor não
seja muito baixo para que a preferência pela liquidez seja forte.
16.4. A Política
Orçamental (Economia Fechada)
Y = C
+ I + G
Y = C
+ S + T
I + G
= S + T
C = a
+ b.Yd
Yd = Y – T
Segundo Keynes, em situação de
crise económica o Estado devia aumentar as suas despesas públicas (∆G) para
colmatar o fraco volume de Investimento Privado, pois estava consciente da
existência do pessimismo por parte dos investidores. E só nessa situação teria
um impacto sobre o Y e sobre C. Esse impacto vai depender da forma como ele é
financiado (o Investimento Público como suplemento do Investimento Privado).
16.4.1 Financiamento da ∆G por empréstimo
Esse suplemento (∆G) pode numa
1ª hipótese, ser financiado através de empréstimos, ou seja, não há ∆T, o que
ele faz é emitir novos títulos de tesouro.
Ficamos então a ter uma ∆G positiva.
O processo económico concreto da ∆G será igual à ∆I. Não
haverá aumento de T e esse aumento de G será financiado através dos
empréstimos.
∆G = ∆I,
em que o multiplicador é igual para ambos
16.4.2 Financiamento da ∆G com impostos
Se a ∆G é financiada através dos Impostos (T), chegamos
então à conclusão que está no Teorema de Haavelmo* → K = 1.
Se houver financiamento através de imposto, o resultado não é
tão bom como o de antes.
- Se houver uma política orçamental que faça diminuir T, assumindo que não há ∆G, isso tem como consequência um aumento do Défice Orçamental, logo o Estado vai pedir um empréstimo ainda maior.
- Não há uma ∆I (Privado e Público), o que há é uma diminuição de T.
- A diminuição dos T vai exercer um efeito multiplicador sobre o Y.
- Uma importante observação, estes resultados subentendem que há uma imutabilidade das Curvas de Procura de Moeda. Não há perturbação no Investimento.
16.5. Síntese
Keynesiana
- A análise de Mercado Monetário Keynesiano permitiu determinar a taxa de juro, que é a última variável do modelo.
- Esta Teoria Monetária Keynesiana vai realizar uma rutura com a Teoria Quantitativa da Moeda (Neoclássica):
Ø Ausência
do Mercado de Investimento vai permitir que o I adquira um estatuto de
autonomia, que lhe confere um papel determinante no Y.
Ø Ausência
de Mercado de Trabalho em Keynes, logo vai haver desemprego involuntário.
- Tem presente a Procura de Moeda baseada pela preferência pela liquidez e tem presente que a Oferta de Moeda não depende da taxa de juro
- O Estado vai aparecer para compensar a inexistência de Mercados de Investimento e de Trabalho. Esse papel compensador tem em vista estimular o I com vista a desaparecer o desemprego.
- As Políticas Orçamentais, quer por via de empréstimos quer por via de aumento de T, supõem que não haja alteração nas Curvas de I e de Procura de Moeda.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
·
Blaug, Mark., [Cap. 16]
·
Ekelund,
R. B. and Hérbert, R. F., [Cap.18]
·
Rima, I. H., [Caps. 20 e 21]
·
Saby e Saby, [Caps. 13 – 16]
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