Economista, professor e filósofo
escocês, contatou com as grandes personalidades da cultura inglesa e francesa
da sua época, entre os quais Quesnay, Turgot, Rosseau e Voltaire. Considerado
por Marshall o fundador da economia moderna, autor do maior passo que a
economia alguma vez deu.
A sua principal obra, “A Riqueza das
Nações”, editada em 1776, foi considerada um clássico no campo do pensamento
económico. A sua obra “Teoria dos Sentimentos Morais” foi importante.
5.1. Teoria dos Sentimentos Morais
Adam Smith preocupava-se com a
filosofia moral, ou seja, a felicidade humana e o bem-estar.
O interesse próprio é a motivação que
naturalmente conduz as pessoas. O seu impedimento tem geralmente um efeito
adverso.
O indivíduo e a sociedade deslocam-se
em direção ao mesmo fim, e a humanidade prosperará proporcionalmente quando o
individuo tiver liberdade para escolher
a sua própria maneira de ser. A consciência e simpatia impedirão sempre
condutas indesejáveis, quer na esfera económica quer em qualquer outra área da
sociedade.
Cada Homem, se fôr deixado à sua
iniciativa, procurará maximizar a sua riqueza. Por consequência, todos os
Homens, se não forem estorvados, maximizarão a riqueza agregada → mão invisível
(o interesse de cada um levará ao interesse geral).
O interesse e simpatia que temos
pelos outros podem conduzir ao bem comum, à justiça social e ao crescimento
económico.
A liberdade é condição de progressso,
apesar da injustiça.
Adam Smith criticava:
·
Os mercantilistas
- Estes pressupunham que a riqueza de uma nação só poderia provirdo comércio externo favorável (a vantagem de uma nação adivinha a desvantagem das demais)
- Para os mercantilistas a economia deveria limitar-se ao stock de metais preciosos e ao enriquecimento da nação, enquanto que Adam Smith defendia que a riqueza era um fluxo anual de serviços;
- Adam Smith não defendia a intervenção do governo na “Ordem Natural” da economia, ao contrário dos mercantilistas.
·
Os fisiocratas
- Atribuem só ao trabalho do agricultor a capacidade de produzir riqueza, enquanto que ele atribuia a todas as outras áreas de trabalho do Homem;
- Para os fisiocratas a Ordem Natural devia ser descoberta através do inteleto, enquanto que para Adam Smith a existência da Ordem Natural é um facto.
- Definem os bens como proporcionadores de maior riqueza, em vez de metais preciosos;
- Os Fisiocratas diziam que não é a natureza que torna os bens disponíveis para as pessoas, não é apenas a terra. Enquanto que adam Smith dizia que tinha de haver uma cooperação entre a terra, o trabalho e o capital.
5.2. A Riqueza das Nações
Na década da Revolução Industrial, mais propriamente em
1776, Adam Smith publicou a sua grande obra “An inquiry into the Nature and
causes of Wealth of Nations”, mais conhecido por “A Riqueza das Nações”, cujo
tema principal é a explicação da sua Teoria de desenvolvimento económico.
5.2.1 Quais as forças económicas que no longo prazo governam o aumento da Riqueza das Nações?
Adam Smith afirma que a única fonte
de riqueza de uma sociedade é o Trabalho em geral, o Trabalho de uma nação
dividido entre os individuos que a compõem e que se distribuem pelos diferentes
ramos da produção.
Adam Smith acreditava que a produtividade do trabalho
teria como principal fundamento a divisão do trabalho.
A maior preocupaçãom de Smith era a de elevar o nível de
vida de todo o povo. Através da divisão do trabalho obtinhamos uma sociedade
bem dirigida, onde a riqueza universal se estendia a camadas mais baixas do
povo.
Logo a riqueza de uma nação era medida pelo conjunto de
bens materiais disponíveis para o consumo e não pela quantidade de metais
preciosos que detinham as nações.
5.2.2 Divisão do trabalho
Tem como fundamento o aumento da riqueza. É a concentração
do esforço do trabalho em tarefas específicas, tendo como objetivo aumentar o
conhecimento técnico, poupar tempo e promover-se o melhor uso do capital.
Adam Smith pode apresentar a sociedade como uma
manufatura, onde o trabalho se divide entre várias unidades separadas, mas
complementares, de tal modo que a interconexão entre os produtores se coloca em
primeiro plano.
Smith defendeu também que o funcionamento da economia deve
prescindir da benevolência, para alcançar o máximo de bem-estar para a
sociedade (Humanidade).
A possibilidade de trocar os produtos do seu trabalho permite a que cada Homem se
dedique a uma única atividade e cultive os seus talentos e inclinação para
aquele tipo de negócio → especialização
do trabalho.
Assim todos beneficiam pois podem “comprar qualquer
parcela da produção dos talentos dos outros, de acordo com as suas
necessidades” ao invés de terem de contar apenas com habilidades pessoais.
Mesmo aqueles que pertencem à classe social mais baixa de
uma sociedade comercial, podem dispôr da cooperação e do trabalho de muitas outras pessoas para
prover as suas necessidades, beneficiando dos gastos de produtividade que a
divisão do trabalho confere a cada produtor.
Assim, podemos dizer que a propensão à troca assegura,
através da divisão do trabalho, a máxima riqueza para a sociedade, permitindo
que sejam evitadas as situações moralmente degradantes associadas à pobreza.
Como a divisão do trabalho é limitada pelo tamanho do
mercado, quanto mais se generalizarem as trocas, maior será a riqueza
proporcionada pelo trabalho.
No entanto, não só os individuos deveriam
especializarem-se, como também os Estados, em obediência às suas aptidões
próprias, o deveriam fazer em determinadas atividades:
- Diminuir conflitos de interesses que conduzissem a resultados socialmente indesejáveis;
- Manutenção de certos serviços públicos não lucrativos, mas indispensáveis para a sociedade;
- Medidas de proteção para as indústrias nascentes.
Todos os Estados, pela divisão do
trabalho, pela especialização e pela livre troca de produtos entre eles,
alcançariam os mais elevados níveis de progresso.
Esa descrição da esfera económica
revela que o que parece ser uma troca de produtos por dinheiro, consiste numa
troca de produtos do trabalho humano e que a troca de produtos do trabalho de
diferentes produtores reduz-se, assim, a uma troca de trabalhos.
Fica, assim, evidente que o bem-estar
material não tem relação direta com o poder que o indivíduo dispõe.
Esta preposição é descrita, na sua
obra, por uma manufatura de alfinetes, com a sua extensa divisão de tarefas
entre 10 trabalhadores. O resultado é um enorme crescimentos das forças
produtivas do trabalho.
Ainda que cada produtor
esteja apenas a perseguir o seu interesse pessoal, ele acaba atendendo ao
interesse dos demais. Prevalece a perceção de uma ordem harmoniosa entre os
Homens, que deixa para segundo plano as consequências negativas. Daí podem
advir os interesses individuais (o desemprego, as falências), levando, por sua
vez, ao aumento da riqueza das nações.
Depois desta análise,
verifica-se que Adam Smith enumera três circunstâncias associadas à divisão do
trabalho que permitem alcançar um salto na produtividade:
- · O trabalhador desempenha a tarefa o melhor possível;
- · Eliminação das perdas de tempo na passagem de uma tarefa para outra;
- · Invenção de instrumentos destinados a poupar trabalho, que se torna mais fácil em função da divisão do processo produtivo em operações simples.
Conclusões:
- São os bens e não o ouro que constituem a riqueza de uma nação;
- Os bens são disponibilizados pelo esforço humano;
- A divisão do trabalho permite elevados padrões de vida;
- A divisão do trabalho é consequência de uma propensão para a troca;
- A troca é a expressão do comportamento humano do interesse próprio.
A Teoria do crescimento
económico de Smith consiste na elevação da produtividade do trabalho (através
da divisão do trabalho) e no aumento produtivo do trabalho por via do capital
acumulado.
A divisão do trabalho
(especialização das tarefas) é o verdadeiro fundamento do aumento da riqueza.
Porquê?
Aumento do nº trabalhadores
→ Aumento da riqueza → aumenta a poupança → Aumenta o Capital
5.2.3 Análise do Valor
A troca dos bens faz surgir
a distinção entre o valor de uso e o valor de troca destes bens. Um bem não tem
a possibilidade de ser trocado por outros a menos que tenha valor de uso,
somente a capacidade de proporcionar satisfação a um usuário é que tornaria um
bem digno de ser adquirido por meio de troca com outros bens ou por dinheiro.
A falha de Adam Smith em
reconhecer este relacionamento um tanto óbvio foi de maior significado para o
futuro desenvolvimento da Teoria do Valor pois levou à tentativa de explicar o
valor de troca sem referência à Utilidade.
- Valor de troca – É o preço expresso em moeda.
- Valor de uso – Capacidade que um bem tem para transmitir satisfação.
Estes dois conceitos foram
ilustrados através do paradoxo da água e do diamante. A água tem grande
valor de uso, mas fraco valor de troca, enquanto o diamante tem grande valor de
troca, mas fraco valor de uso. Um erro de Adam Smith foi não reconhecer o
significado de escassez relativa marginal de um bem, dado que é este facto que
determina o valor de um bem.
Como Smith não utilizou o
conceito de Utilidade, voltou a sua atenção ao papel do trabalho como
determinante do valor (valor de troca).
Teoria
do valor do trabalho → De acordo com a qual um bem tem valor
equivalente ao trabalho que pode exigir em troca de si próprio, direta ou
indiretamente, sob a forma de outro bem. Quando empregado neste sentido, o
trabalho serve como uma medida de valor. É a hipótese de que a taxa à qual um
bem pode ser trocado por outro é igual ao valor do esforço de trabalho nele
contido.
A questão da escassez
relativa leva-nos à questão dos preços.
5.2.4 Os Preços
Adam Smith fez uma distinção
de preços em “preço de mercado” e “preço natural”.
Preço
de mercado → Preço de Curto Prazo, é determinado pela Oferta e pela
Procura.
Preço
natural → Preço de Longo Prazo. É determinado em função dos
Custos de produção (w + π + r).
Em que W ≡ Salários; π ≡
Lucros; r ≡ Juros.
Adam Smith estava mais
interessado em explicar como é que os preços são determinados no Longo Prazo.
Smith considera sempre
implicitamente que o “preço natural” de uma mercadoria não varia com o seu
nível de produção. Por outras palavras, prossupõe que as indústrias produzem em
condições de custos constantes.
- Quando os custos são constantes, a procura não tem influência:
Em que a Procura efetiva é
igual à quantidade Q1.
Quando a quantidade de
qualquer bem (Oferta) que é colocada no mercado é inferior à procura efetiva, a
Curva S1 (Oferta CP) desloca-se para a esquerda, para S2. Isto
significa que não é possível fornecer a todos os que estão dispostos a pagar
aquela quantidade.
Alguns estão dispostos a
pagar mais, então entrarão em concorrência uns com os outros, pois o preço de
mercado é superior ao preço natural. Quando a quantidade posta no mercado
excede a procura efetiva, S2 desloca-se para S3. O preço de mercado descerá
mais que o preço natural.
A concorrência entre os
comerciantes vai levar a aceitar estes preços todos, mas não os obriga a
aceitarem um inferior.
- Se os custos são crescentes, haverá influência na procura:
Os preços relativos são
determinados pelos custos relativos em trabalho. Com custos constantes, os
preços relativos não são influenciados pela procura.
5.2.5 Os Salários
Adam Smith defende o
adiantamento de capital (Stock de Capital) aos trabalhadores para estes se
poderem sustentar durante o período de produção.
A partir daí, estabelece-se
uma relação entre a procura daqueles que vivem do salário e os fundos
destinados ao pagamento dos salários → Teoria do mínimo de subsistência.
Esta relação é explorada,
mas é nela que se fundamenta a convicção de que o aumento do capital gera uma
procura de trabalhadores constantemente crescente. Esta teoria da oferta e da
procura de curto prazo, sendo a oferta dada pelo montante de trabalho (função
quantidade em horas de trabalho) e a procura dada pela dimensão do fundo
salarial, é combinada uma teoria de longo prazo do mínimo de subsistência.
O “preço natural” do
trabalho é a taxa salarial de subsistência, a remuneração mínima que os
trabalhadores necessitam de auferir antes de terem filhos.
O próprio trabalho é
produzido a custos constantes.
Em
que W é a taxa de salário real.
Preço de mercado do trabalho - W1 com L1.
Quando
D1 desloca-se para D2, aumenta o stock de capital, a procura de trabalho
aumenta, os salários sobem, isso induz o número de pessoas trabalhadoras a
crescer até atingir o ponto L3.
A
curva da oferta deslocar-se-á para direita até os salários voltarem ao nível
mais baixo, W1, o nível de subsistência. Mas se a procura aumentar
continuamente, o crescimento da população não poderá acompanhá-la, e as curvas
da oferta não conseguem acompanhar o deslocamento das curvas de procura.
Este
modelo poderá servir como espelho das camadas mais pobres da população e não
poderá, de um modo geral, servir para toda a população pois trata-se de uma
população que é atingida pelos meios de subsistência.
Adam
Smith acreditava que a tendência salarial de longo prazo seria ascendente e
considerava que isso não era apenas sintoma de uma economia que se desenvolvia
mas também uma causa de progresso.
5.2.6 Os Lucros
Segundo
Adam Smith, os lucros de capital não devem ser concebidos como pagamento por
uma qualidade especial de trabalho porque não têm relacionamento com a
desutilidade do trabalho. Os proprietários de capital não teriam interesse em
empregar o capital se as suas receitas não fossem além e acima do custo dos
materiais e salários para compensar os riscos que assume. Ou seja, Smith fala
dos lucros como consistindo em juros mais prémio de risco. A taxa de lucro tende
a baixar devido à concorrência mútua que fazem os capitais de muitos mercadores
ricos, quando investidos na mesma atividade.
Tendo
em conta o trabalho produtivo (por exemplo, o trabalho de agricultores e
artesãos) e não produtivo (por exemplo, o trabalho de professores, médicos e
advogados), o papel do governo deveria ser mínimo, mas era importante que
interviesse para diminuir os interesses entre grupos.
Deveria
intervir porque:
- Existem defeitos no “Sistema simples da liberdade natural”:
- Conflitos de interesses, casos em que a procura do ganho individual conduz a resultados socialmente indesejáveis
·
O “Laissez-faire” cria apenas uma presunção
de bem-estar social máximo e não um programa completo para a sua realização.
Medidas para intervir:
·
Medidas de proteção para indústrias;
·
Manutenção de certos serviços públicos por
não serem lucrativos, mas que fazem falta à sociedade.
5.2.7 Aspetos conclusivos
·
“The Wealth of Nations”: Guia de política
económica e de coordenação do sistema comercial inglês;
·
Defesa da concorrência perfeita nos mercados,
não havendo conflito entre interesses privados e sociais;
·
Defesa de uma ordem perfeita no universo
social, baseada nas leis naturais;
·
O sistema económico é conduzido pelo
interesse próprio (mão invisível) dos indivíduos em contexto concorrencial;
·
A taxa de retorno (benefício) de um recurso
tenderá a ser igual nas suas várias utilizações;
·
Manutenção de um sistema de liberdade
natural, como forma de garantir a acumulação de capital (condição necessária
para a divisão do trabalho, produtividade, riqueza das nações) e o melhor
direcionamento do capital para garantir a maximização do bem-estar;
·
O Estado pode contribuir em domínios
específicos para realização do bem-estar social.
·
Blaug, Mark, Capitulo 2
·
Ekelund,
R.B. and Hérbert, R.F., Capítulo 5
·
Mouchot,
C., págs. 234-239
·
Rima,
I. H., Capítulo 5
Sem comentários:
Enviar um comentário