terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A (MINHA) HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÓMICO - Módulo3 - A Economia Política Liberal



3. Economia Política Liberal

3.1. O advento do Liberalismo


Foi o período de transição entre o Mercantilismo e o Liberalismo. Uma doutrina política e económica nascida como reação à rigidez do Antigo Regime, Feudalismo e Mercantilismo, e aos privilégios do Clero e da Nobreza.
Quem detinha o poder era o rei, e este detinha o poder do Monopólio.
Criticou-se fortemente este Monopólio, pois vigoravam preços bastante elevados das mercadorias e existia uma qualidade deficiente dos produtos.

·         O Liberalismo assenta no princípio do direito à liberdade individual, relativamente ao Estado.
·         Concorrência real, não basta falar de concorrência mas sim criar instituições onde essa concorrência venha a existir.
·         A Liberdade Natural é um valor essencial ao Homem.
·         A liberdade permite a concorrência, o que leva ao crescimento económico.

No campo económico, o Liberalismo proclama a existência de mecanismos espontâneos de regulação das atividades económicas, como a Lei da Oferta e da Procura e o direito à livre concorrência entre todos os agentes económicos. Para os Clássicos, o Liberalismo consistia nos seguintes aspetos:
·         Os indivíduos decidem melhor do que uma autoridade política (o Estado passa a ser criticado, passando um pouco da sua intervenção para os indivíduos.
·         A soma dos interesses particulares conduz ao interesse geral: a “mão invisível” (Adam Smith)


Os Clássicos fundamentavam-se nos seguintes princípios:
·         Preço Natural e Preço de Mercado – O Preço Natural é o preço de longo prazo, é determinado pelos custos de produção. O Preço de Mercado é o preço de curto prazo, é determinado pelo jogo da Oferta e da Procura.
·         O jogo da Oferta e da Procura.
·         Consideram-se duas hipóteses necessárias para o funcionamento do sistema político:
Ø  Mobilidade de Capitais
Ø  A Poupança é imediatamente investida

Estas tendências liberais foram particularmente observáveis na Inglaterra e foram principalmente escritores ingleses que deram curso a ideias mais liberais da teoria económica, tais como:
·         Sir William Petty (1623 – 1687)
·         John Locke (1632 – 1704)
·         David Hume (1711 – 1770) → Teoria Quantitativa da Moeda
·         Richard Cantillon (1680 – 1734)

Estes autores podem ser tratados como mercantilistas liberais ou posteriores, ou como percursores do liberalismo económico.

3.2. Percursores do Pensamento Clássico


3.2.1 Sir William Petty (1623 - 1687)




  • ·         A Treatise on Taxes and Contributions (1662)
  • ·         Political Anatomy of Ireland (1672)
  • ·         Quantulumque Concerning Money (1682)
  • ·         Discourse on Political Arithmetic (1690)

Petty contribuiu para a teoria económica através da Teoria da Moeda e da Teoria do Valor
  
·      :
3.2.1.1 Teoria da Moeda O valor da moeda depende da Oferta e da Procura. ·         Petty refletiu sobre os determinantes da Velocidade da Moeda: Usou o conceito de Velocidade de Circulação (V) para determinar a quantidade ótima de Moeda (M). ·         Disse que a moeda não deve ser vista apenas como meio de entesouramento, mas deve ser exportada de modo a obter outros bens.  
3.2.1.2 Teoria do Valor   Esta fomentava que a renda é o superavit agrícola que sobra depois de se deduzir as sementes e os meios de subsistência do lavrador e os resultados da sua colheita. Esta opinião sobre a renda como excedente diferencial, que é determinado pelo preço e não determinante do preço, antecipou em 150 anos a teoria da renda da terra que durante a era Clássica iria tornar-se associada a David Ricardo. Embora Petty considerasse o Trabalho como mais importante do que a Terra na criação de valor, ele também lutou com o problema de atribuir alguma parte do valor à Terra. Ou seja, o valor deriva dos fatores Terra e Trabalho. Petty pensou que o valor do produto agrícola de um trabalhador, que exceda a sua própria subsistência, pode ser considerado como renda. O valor de um trabalhador era considerado como o custo da sua subsistência, o valor monetário do seu produto seria igual à quantidade de ouro que poderia ser produzida no mesmo tempo de trabalho como seu alimento. Para Petty, o tempo de trabalho tornou-se o denominador comum de todos os seus valores. Dessa forma ele antecipou a Teoria do Valor do Trabalho, que mais tarde viria associar-se a Adam Smith e David Ricardo. Petty estuda a seguinte situação: Qual a quantidade de terra necessária para alimentar um individuo durante um dia? Concluiu que para alimentar um individuo é necessário um dia de trabalho. Logo, existe uma relação equivalente entre o valor da produção agrícola com o trabalho.   Outra preocupação de Petty foi como calcular o preço relativo das mercadorias, mas como não tinha essa noção ficou-se pelos preços absolutos. 
3.2.2 Richard Cantillon (influenciou Fisiocratas e Clássicos) 
  Foi considerado um dos cofundadores da Escola Clássica, juntamente com Adam Smith. A sua obra mais relevante, “Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral”, para alguns autores constitui a verdadeira obra que marca o início da ciência económica. As ideias principais de Cantillon são sobre o Sistema de Mercado, a Concorrência e o Empreendedorismo, o Efeito da Moeda nos Preços e na Produção.  
3.2.2.1 Sistema de Mercado

  •    Cantillon vê a economia como um sistema organizado e interrelacionado de mercados (existe uma interdependência dos mercados).
  •   Ajustamento baseado na livre intervenção dos empreendedores.
  •  Sistema económico hierarquizado e assente numa rede de trocas recíprocas, ou seja, troca entre os vários agentes económicos.
  •   Primeira explicação clara sobre a formação do preço de mercado.
  •  Distinção entre o preço de curto prazo e preço de longo prazo (“Valor intrínseco”)
  O Custo do Trabalho e dos materiais tirados da terra eram considerados como determinantes do “valor intrínseco” dos bens. O preço de mercado flutuará acima ou abaixo do valor intrínseco, dependendo do estado da Procura e da Oferta.   
 
 3.2.2.2 Concorrência e Empreendedorismo  
 A concorrência é um conceito um pouco diferente do nosso usado no dia-a-dia. É como um processo de rivalidade entre ofertantes. Noção de “Equilíbrio-Geral” – reconhecimento da inter-relação entre mercados de bens e fatores
  • Deu um papel de destaque para o empreendedor. Para Cantillon, empreendedor era alguém inovador que assumia riscos.
  • Cantillon divide os indivíduos de um Estado em:
  • Ø  Independentes – proprietários de terras, recebem rendas.
  • Ø  Dependentes – os que subsistem do produto da terra que é propriedade dos independentes.
 Dividem-se duas classes dentro dos indivíduos dependentes: ·        Assalariados – têm um rendimento certo ao longo do tempo, salário, pensão.
·         Empresários – têm um rendimento incerto. São os empresários que irão tomar o papel de empreendedores, quer tenham ou não capital próprio, sejam eles fazendeiros, comerciantes, artesãos ou prestadores de serviços.
O empreendedor assume um risco, pois compram a um preço conhecido e vendem a um peço incerto.

3.2.2.3 O efeito da Moeda nos Preços e na produção

  •       Criou o 1º modelo da Contabilidade Nacional. “A Conta das três rendas” do setor agrícola (Percursora do Tableau Economique de Quesnay):
    • 3 Rendas: 
      •  Paga a renda ao proprietário da terra; 
      •  Paga aos funcionários, o trabalho com bens;  
      • É o lucro que tem (3ª renda).    




  • Estimação do stock ótimo de moeda (M) com base na “Conta das Três Rendas” e a sua influência na produção.
  • ·   É a primeira pessoa a ter a noção do papel da moeda nos preços relativos. As variações em M afetam não só o nível geral dos preços (P) como também os preços relativos (Efeito Cantillon)



·         Rima, I. H., (Capítulo 3)
·         Ekelund, R. B. e R. F. Hérbert (Capítulos 3 e 4)
·         Blaug, M., (Capítulo 1)


 


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