Associada a esta
expressão estão as transações de Portugal com os restantes países com os quais
estabelece relações comerciais.
Uma das
conclusões óbvias a que chegamos é que quanto maior for o valor acrescentado do
produto que exportamos, maior será o seu preço e mais vantajoso isso se torna
no saldo da Balança Comercial. Apostar nas exportações para países com taxas de
crescimento do PIB maiores que a nossa mas que têm de importar produtos nossos
por forma a satisfazer a sua Procura Interna é a solução para a diminuição
desta dívida externa. Contudo, Portugal continua a ter como principais
parceiros nestas trocas os países da União Europeia (sendo a Espanha o
principal). Este facto conduz a que cada vez seja mais difícil a convergência
de Portugal com a média da E em termos de crescimento baseado no setor exportador.
Para que fosse possível, teria de canalizar forças para mercados fora da EU. Durante
o período de José Sócrates foram muitas a estratégias usadas para conseguir ver
a Líbia, Venezuela, Angola e Brasil como exemplos de parceiros para melhorar o
saldo da Balança Comercial. Ambos os países tinham uma coisa em comum, o petróleo
como meio de pagamento (de notar que na altura ainda não tinha rebentado a
Primavera Árabe) e, como tal, quanto maior fosse o preço do petróleo maior era
a capacidade importadora desses países. Como já vimos este ano, o inverso
também acontece, ou seja, quanto menor for o preço do mesmo produto, menor a
capacidade importadora. Mesmo assim, Portugal tem de continuar a apostar nesta
estratégia de aumento de transações com países não europeus se quiser diminuir
o saldo negativo da Balança Comercial (embora tenha de ter a perceberão das
consequências negativas da dependência de alguns destes mercados de apenas um
produto como o caso do petróleo). Por outro lado temos de ver as consequências
do aumento do rendimento disponível em Portugal que, se por um lado melhora o
bem-estar por via do aumento do poder de compra, caso as empresas portuguesas
não se virem para o mercado interno produzindo bens por substituição de
importações, a consequência desse aumento da procura interna portuguesa vai
significar um maior aumento das importações.
Sabendo de tudo
isto, cabe agora às empresas portuguesas, atuais e futuras, fazer uma gestão na
produção de bens e serviços que garanta em simultâneo um valor elevado de
exportações e um menor aumento das importações.
Ao governo cabe
a função de procurar mais novos mercados não europeus que seja atrativo para as
nossas exportações e destravar muita da burocracia fiscal existente, algumas
impostas por diretivas comunitárias (como por exemplo medidas ao nível da
qualidade dos produtos que fazem com que os produtos se tornem mais caros e
menos competitivos, quando comparados com produtos semelhantes não europeus),
outras criadas por legislação interna e que devem ser revistas o mais depressa
possível.
Estava a perder população há duas décadas quando fez do repovoamento prioridade. Auvergne, no Maciço Central francês, tem uma agência regional só para atrair novos residentes e fazer deles agentes de desenvolvimento local.
Um postal ilustrado. Sucedem-se tonalidades de verde. O silêncio é entrecortado pelos chocalhos das vacas que pastam em frente. Avista-se uma ave de rapina. De repente, uma sinfonia. É Véronique Gaillard a oferecer milho a um galo, dez galinhas, dois gansos e dois perus.
Fosse Véronique mais nova não trocaria a cidade pelo campo. “Ó, nem pensar.” Quando era mais nova, volta e meia sentia uma vontade incontrolável de mudar de cenário. Tantas vezes alterou a morada em Lyon. Durante cinco anos, fez trabalhos sazonais só para poder viajar mais.
Ninguém diria que aos 44 anos compraria uma casa a cair, a 900 metros de altitude, entre florestas, charnecas, pântanos e lagos. E, no entanto, ei-la com o marido, Jérôme, o cão, Fly, o gato, Ponpon, em Artense, no Parque Natural Regional dos Vulcões de Auvergne, no Maciço Central francês.
Às vezes, quando menos se espera, a vida fica virada de pernas para o ar. Véronique foi despedida da empresa de exportação de máquinas de soldar que a empregou ao longo de 16 anos – o pai passou o negócio ao filho e o filho despediu os empregados mais velhos. Não foi devorada pelos sentimentos obscuros que tendem a atacar quem fica sem emprego. “Vamos viver para Auvergne”, propôs-lhe Jérôme.
Jérôme conhecia bem a região. Trabalhara três anos no centro de pesca no Lago Landie. Regressara a Lyon só para estar mais perto de Verónique. Pediu uma rescisão amigável. Iam “à procura de serenidade, longe do stress da cidade”. Um dia, um amigo ligou-lhes a falar no que já fora a morada de um velho lavrador, um sítio isolado, perto de Marchal, uma aldeia de 88 habitantes.
Era uma casa, um estábulo e um barracão, mesmo ao pé do Lago Tact, com vista para os montes do Cantal e para o pico de Sancy, o ponto mais alto do Maciço Central. Perfeito para eles. “Ele queria a água, eu queria a vista”, recorda. Só que estava tudo a ruir, não havia sanita nem chuveiro. Conseguiriam reunir dinheiro para renovar, para modernizar, para ter um modo de vida?
Nem imaginavam que o Conselho Regional de Auvergne tivesse políticas próprias para recém-chegados. Souberam numa feira organizada pela Câmara de Comércio. “Há muito pouca gente aqui, então eles encorajam a vir”, diz ela. E muitos têm ido, sobretudo, casais entre os 30 e os 40 anos, que avançaram para um segundo filho e precisam de ter uma casa maior, de perder menos tempo no trânsito, e casais que estão perto dos 50, que já viram partir os filhos e/ou têm algum sonho por cumprir.
Uma agência para inverter o declínio
Eleito um novo Conselho Regional de Auvergne em 2004, por toda a região se organizaram reuniões para perceber o que era prioritário para os cidadãos. E em todo o lado se pediu solução para o esvaziamento das aldeias, o seu envelhecimento abrupto, o desaparecimento do mundo rural.
Onde já ia o apogeu demográfico de 1886, ano em que a região contou mais de 1,5 milhões de habitantes. Houve um grande êxodo rural no final do século XIX (impulsionado pela industrialização) e duas grandes guerras no século XX (causadoras de muitas mortes de homens em idade activa). Em 1954, quando foram ver, Auvergne estava reduzido a 1,2 milhões.
A situação melhorou. E para isso muito contribuiu quem de Portugal fugiu à pobreza, à ditadura e à guerra colonial. Eram os chamados “gloriosos trinta”, o período 1954-1982, no qual a França viveu grande crescimento económico e demográfico. Só que Auvergne faz-se de montanhas e planaltos: a taxa de natalidade manteve-se inferior à média e o saldo migratório também.
Não por acaso, das estradas avistam-se extensos campos de cereais e girassóis e irregulares zonas de pasto. Nos anos 80 e 90, até pelas políticas da Comunidade Económica Europeia, as propriedades agrícolas concentraram-se e mecanizaram-se. Auvergne assistiu ao segundo maior êxodo rural da sua história. Entre 1982 e 1999, continuava a morrer mais gente do que a nascer e a sair mais do que a entrar.
Perante as previsões catastróficas do Instituto Nacional de Estatística e a vontade expressa pelos cidadãos, em 2005 o Conselho Regional criou a Agência Regional de Desenvolvimento dos Territórios de Auvergne. E é lá que, sob a direcção de Pascal Guittard, 20 peritos de áreas diversas desenvolvem programas para atrair pessoas, estruturar ofertas, formar e monitorizar agentes territoriais.
“Foi um grande desafio”, recorda Guittard. “Não tínhamos nenhuma referência. Estávamos a fazer algo que não existia em nenhum lugar.”
Há na Europa lugares com problemas semelhantes – talvez nenhum com a gravidade de o interior de Portugal – só que os contextos sociodemográficos e culturais são tão diversos que é difícil fazer comparações. Limousin, mesmo ali ao lado, emergia como exemplo de boas práticas. O Conselho Regional de Limousin esforçava-se para “vender” a região. Instalara uma “célula de acolhimento”, encarregada de informar, orientar e acompanhar projectos de recém-chegados, e montara uma rede para os apoiar nos diversos territórios. Fizera também parceria com a Collectif Ville-Campagne, uma associação nacional empenhada no repovoamento das zonas rurais.
Já se notava algum movimento das cidades para os campos em França. Membros do Collectif Ville-Campagne, como o escritor Bernard Farinelli, tornaram-se porta-vozes dessa nova tendência. Alguma imprensa, como a revista Village”, ia mostrando entraves: resistência nas comunidades rurais, receosas dos recém-chegados; desconhecimento das potencialidades de cada território; custos de instalação; obstáculos administrativos motivados por desarticulação entre sectores e serviços…
Véronique e Jêmore Gaillard abriram um centro de pesca no Parque Natural Regional dos Vulcões de Auvergne
Respostas integradas
O que estava a ser feito em Limousin era inspirador – sobretudo o facto de trabalharem com os territórios –, mas insuficiente, enfatiza Pascal Guittard. Precisavam de atacar em diversas frentes, de forma articulada. Trataram de delinear um plano, servindo-se do marketing territorial e da internet.
Para atrair pessoas, dita Gérard Lombardi, responsável pelo departamento de marketing territorial e emprego da agência, “é preciso pelo menos três coisas: primeiro, temos de dizer: venham!; segundo, temos de ter algo para oferecer; terceiro, temos de ajudar a fazer acontecer.”
Se um município se pusesse a trabalhar sozinho, não lhe parece que pudesse obter resultados significativos. “É preciso ter uma escala relevante”, enfatiza Lombardi. Também é importante ter um nome conhecido. Qual seria a escala relevante em Portugal? Trás-os-Montes, por exemplo? Interior?
Auvergne é conhecida pelos vulcões, pelos queijos, pela História (foi ali que Vercingetórix derrotou Júlio César). Valendo-se da natureza e investindo na cobertura de banda larga, ia apresentar-se como um lugar onde vida rural e vida moderna se combinam – para maior harmonia entre vida profissional e vida privada.
Decidiram criar um site, www.auvergnelife.tv, que é uma espécie de vitrine da região. Começaram por reunir oportunidades de negócio. O dono da padaria morreu ou quer reformar-se? Não há na aldeia quem tome conta? Estão há que pô-lo na Internet para que possa ser visto pelo padeiro que em Paris sonha com Auvergne.
“No primeiro ano, só colocámos quarenta ofertas no site”, recorda o director da agência. Volvidos dois anos, tinham 200. Agora, 900. O número foi aumentado à medida que a estratégia foi sendo reconhecida pelos parceiros locais. “Os territórios têm de estar atentos, têm de reagir, de nos dizer.”
Não são decisões que se possam tomar de olhos fechados. A agência paga um, dois, três fins-de-semana para que a pessoa conheça o sítio, faça contactos, compreenda a dinâmica local. E tem um programa mais extenso, exclusivo a nível nacional e reconhecido pela União Europeia, a que chamaram “residências de empresários”. Para incentivar quem quer recuperar ou criar uma empresa a fazê-lo já no próprio local, mediante certas condições, atribui-lhe uma verba mensal – dois a seis meses.
A equipa de Guittard sabe que só 40% de uma tomada de decisão destas é racional. Investe nos 60% emocionais. A mensagem que lhe compete passar é: “Nós podemos ajudá-lo a encontrar casa para a família, infantário ou escola para as suas crianças. Na verdade, nós podemos ajudá-lo a tentar.”
Indispensável envolver os territórios. Em muitos deles há alguém, que faz parte dos serviços locais, a ajudar os recém-chegados a encontrar o que precisa. A agência está agora a criar uma rede de “life coaches”, isto é, a desafiar moradores a “adoptarem” um recém-chegado, ou melhor, a serem a pessoa a quem pode ligar a perguntar onde há festa ou qual o melhor sítio para comer “truffade”.
Auvergne “vende-se” como um lugar onde natureza e vida moderna se combinam
Aposta no ecoturismo
O ecoturismo é um desígnio da região. Jérôme recebeu 1700 euros durante cinco meses. “Foi muito bom”, diz. Ainda não tinham assinado a escritura da casa. Compraram-na. E compraram 4 mil metros quadrados de terreno, junto ao Lago Lastioulles, exclusivo para projectos turísticos.
Nunca trabalharam tanto. “Fizemos tudo”, orgulha-se Véronique. Só o que exigia perícia ficou para quem a tinha. Às vezes, nos fins-de-semana, familiares ou amigos apareciam para dar uma mão. Já lá vão quase quatro anos, abriram o centro de pesca. E eis Jérôme, ex-gerente de equipas de pesca à mosca, instrutor certificado, ao dispor de quem aparecer, com a sua selecção de artigos. Vende-os, mas também passa licenças, dá conselhos, aluga barcos e outros equipamentos. Depois, é que abriram a unidade de turismo rural. E eis Véronique, feita gerente, relações públicas, contabilista, recepcionista, empregada de mesa, mulher de limpeza.
Ele ri-se só de se lembrar da descrença alheia. Quando anunciavam que iriam criar um centro de pesca numa aldeia com menos de 100 habitantes, a família, os amigos, os vizinhos arregalaram os olhos: ‘Estão doidos? Não vai resultar. Não há ninguém aqui.’” Está a funcionar. A loja é especializada. Não há igual num raio de cem quilómetros. E há muita truta para pescar nos lagos de Artense.
Nada os preocupava mais do que não ter o dinheiro necessário. Nada os preocupa mais ainda agora. Empataram as poupanças e pediram um empréstimo. A agência prontificou-se para orientar, ajudar a obter financiamento, pagar alguma curta formação. E ofereceu acompanhamento jurídico, comercial ou técnico nos primeiros três anos. E eles tiveram ajudas de outras entidades, incluindo 20% do total do investimento e isenção fiscal durante cinco anos (a partir daí pagam uma percentagem cada vez maior até ao décimo ano, altura em que passam a pagar tudo).
À agência não interessa só que as pessoas venham, interessa que fiquem. Prontifica-se para fazer estudos de mercado para perceber se o negócio vale a pena ou se tem de ser repensado. Um apoio precioso, por exemplo, para Xavier Condroyer e a mulher, Christine, que viraram as costas a Bordéus e abriram uma pequena unidade de produção de cerveja em Picherande. A cerveja que ele faz com água dali e ela vende a 30 bares e lojas da zona chama-se “Gaia”, mãe terra na mitologia grega.
Não basta atrair empresários. Um dos problemas de um território despovoado é responder às necessidades de mão-de-obra especializada, aponta Lombardi. A oferta de emprego está elencada no site e as vagas para as quais é difícil encontrar candidato na região têm a etiqueta “new deal”. Quer isto dizer que a agência paga a renda nos três meses de período experimental. Como chegam a quem está longe? “As pessoas vão ao Google, digitam o que procuram e a nossa oferta aparece. ‘Por que não pensas em Auvergne? Nós temos um trabalho para ti. Não custa tentar.’
A agência gere um orçamento anual de quatro milhões de euros. É um esforço da região – embora 20% venham da União Europeia – com resultados. Guittard cita um estudo feito por uma entidade externa segundo o qual os três milhões de euros investidos pela agência entre 2006-2011 em “residências de empresários” tiveram um retorno de 47 milhões para a região, mas não se detém a esmiuçar cada programa. Tem a certeza de que mais de duas mil “residências de empresários” ou perto de 400 “new deal” representam uma pequena parte do movimento migratório.
Auvergne está a acolher 17 mil novos residentes por ano e isso tem muitas explicações, desde logo as campanhas provocatórias que fizeram sobre o quanto é mau viver em Paris e o quanto é bom viver em Auvergne. O campo tornou-se apetecível em França, sobretudo desde que a crise despontou, mas a batalha de Auvergne estaria perdida se a região tivesse desinvestido nos serviços de proximidade, sublinha Guittard. Se o tivesse feito, não poderia “vender-se” como a segunda região de França em qualidade de vida e em serviços de proximidade, com 100% de cobertura de banda larga, taxa de desemprego abaixo da média. “Ninguém se muda para o deserto.”
O repovoamento deverá manter-se uma prioridade quando, em 2016, Auvergne se fundir com Rhône-Alpes. “Por ora, o aumento da população deve-se todo aos recém-chegados. Temos de aumentar em 10% o fluxo migratório de modo a ter um impacto no saldo natural”, reconhece Guittard. E os territórios que beneficiam do maior crescimento populacional ficam perto dos principais centros urbanos. O repovoamento das zonas mais rurais faz-se a ritmo bem mais lento.
Xavier Condroyer e a mulher, Christine, que viraram as costas a Bordéus e abriram uma pequena unidade de produção de cerveja em Picherande
A equipa desenvolveu uma nova campanha de valorização, muito assente na tal ideia de ruralidade moderna, e inventou mais dois programas para chamar gente e impulsionar projectos inovadores: o “new deal digital”, com seis meses de salário, seis meses de casa, seis meses de escritório, e “new deal biotecnologia”, com um ano de salário, um ano de casa, um ano de laboratório.
Olhando para trás, o director regional lamenta não ter envolvido mais os cidadãos de cada localidade, sobretudo os eleitos. “Seriam mais positivos, o que tornaria tudo mais eficaz”, considera. Poderiam reforçar a oferta, como fez a Comunidade de Comunas dos Países de Murat, uma associação de 13 aldeias perdidas no Cantal, mas a uma hora e meia de Clermont-Ferrand.
No centro de Murat abriu-se uma Casa de Serviços, que permite, por exemplo, ler os jornais, consultar ofertas de emprego, aceder a serviços públicos online e imprimir formulários, falar com funcionários de diversas entidades públicas e privadas. Há 36 serviços que ali vão, à vez, atender cidadãos. No mesmo edifício funciona um centro de teletrabalho. “Construímos uma formação especial para ajudar as pessoas a criarem a sua actividade económica em teletrabalho”, explica a directora, Corinne Ibarra. “Pessoas de toda a França vêm aqui. Todos os anos organizamos quatro acções de formação. E todos os anos cinco a sete pessoas decidem ficar.”
“Isto é um sucesso porque a região está a trabalhar connosco”, acredita. “Se o projecto é interessante, podemos ajudar. Durante seis meses, têm aqui um escritório, um “coach”, mil euros de salário, renda de casa paga.” E auxílio não só para encontrar casa, escola, mas também trabalho para o cônjuge.
Inspirada naquele pacote, no ano passado a própria Comunidade de Comunas lançou um concurso de ideias. Victoria Bechon, de 26 anos, venceu uma das três bolsas. Natural da Sibéria, está a desenvolver um projecto dirigido a turistas russos, que inclui transfer, serviço de guia/intérprete, sessão fotográfica.
Há num lado pessoal na opção dela e do marido, Bastien: querem ter dois ou três filhos e vê-los crescer no campo. E um lado profissional: ela estudou Engenharia de Comunicação, ele Turismo e ambos querem trabalhar em ecoturismo. Os serviços, diz ela, também contaram: “Quando decides mudar, tens de saber o que há. Aqui, há centro de saúde, escola, comércio. E ajuda para trabalhar.”
Corinne bem se lembra de como no princípio era difícil explicar à comunidade local a utilidade daquilo tudo. “Agora entendem.” O saldo migratório, que chegou a ser de menos quatro nos anos 90, é agora de mais quatro. Desde 2008, ali nasceram 36 negócios digitais, que trouxeram 94 novos residentes, o que tem impacte num território com seis mil habitantes dispersos por 13 aldeias. “Mostramos que no mundo rural também é possível atrair jovens e trabalhar pela Net.”
Nem toda a gente se adapta. Véronique está convencida de que é preciso apreciar a natureza, mas também ter uma certa personalidade ou estar numa certa fase da vida. “Estamos aqui há cinco anos e meio”, suspira. “É o segundo ano que temos tudo pronto. É muito trabalho! O Jérôme não tem dificuldades em viver aqui. Eu…depende. Há 3 meses estava um bocado…. Acho que estava muito cansada… É o começo… mais dois anos e estamos mais confortáveis financeiramente. Podemos sair.”
Imagina-se a envelhecer ali. Nunca teve problemas com vizinhança, como outros neo-rurais. “Gostam de nos ver. Quando viemos, diziam-nos: ó, é tão bom ter gente nova a viver aqui.” Vai a conduzir pelas estradas estreitinhas e sorri e acena a toda a gente. Acha que o melhor é “meter conversa, participar nas festas, fazer parte do desenvolvimento local”. O pior “é criticar a região, achar que se é superior” a quem é dali. “Não há como ser humilde e estar pronto para aprender.”
Ferreira Leite: "Estamos numa febre de vendas de tudo o que temos e não temos"
Económico
A antiga ministra das Finanças falou das privatizações e revelou algum "desconforto" quanto aos chineses.
Agora que foi dado o pontapé de saída para a venda do Novo Banco, com três candidatos na corrida - dois chineses e um americano -, Manuela Ferreira Leite revela "desconforto" sobretudo quanto a um deles, os chineses da Fosun.
"Estou desconfortada com os candidatos. A comunicação social vendeu largas à ideia de que o regulador do sistema de seguros estava preocupado e a acompanhar a atividade da Fosun, dos chineses, que foi quem comprou Fidelidade e é um dos candidatos ao Novo Banco", disse a ex-ministra das Finanças, no programa "Política Mesmo", na TVI24.
"Neste momento, a Fosun domina parte importante do grupo segurador em Portugal. Os reguladores não andam muito tranquilos relativamente à sua atuação na área dos seguros. Imagine se esse mesmo grupo não nos dá nenhuma tranquilidade na área dos seguros, vai tomar parte de um banco que representa fatia importante do setor bancário"
Daí que Manuela Ferreira Leite "gostaria de ver os reguladores com a sua força própria e independente e não estarem só preocupados, porque quando chegarem a quaisquer outras conclusões já pode ser um bocadinho tarde".
Outro negócio que destacou foi o do Oceanário, cuja concessão foi aprovada esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, à Fundação Francisco Manuel dos Santos, por 114 milhões de euros, do grupo Jerónimo Martins, que é dono do Pingo Doce.
Não concorda com o facto de passar para privados, mas pelo menos são portugueses.
"Estamos numa febre de vendas de tudo o que temos e não temos, do que dá lucro e dá prejuízo. Percebo que haja da parte dos portugueses um sentimento desconfortável com a venda do Oceanário, era um certo símbolo de um momento próspero do país. Dava lucro, bastante lucro ao Estado"
Ainda assim, a preocupação que tem em relação à Fosun e ao Novo Banco, neste caso não se aplica. "Correu-nos muito bem a solução que foi encontrada. Foi constituída uma fundação para a exploração do oceanário. Não ficará um cêntimo para o grupo empresarial. Todo o lucro será receita dessa fundação e toda canalizada para a manutenção, melhoria e educação e investigação de todos os aspetos relacionados com o mar".
Já quanto ao relatório do Tribunal de Contas que criticou a atuação do governo no que toca a algumas privatizações, como a REN e a EDP, Ferreira Leite diz que isso "nos faz pensar", mas são considerações que já vêm tarde.
"Estamos cheios de instituições, organismos que fiscalizam, controlam, regulam, mas não temos nenhuma que tenha poder pedagógico para intervir antes dos factos consumados"
O relatório acaba, por isso, por ser "um documento político", sem efeitos práticos.
No ano letivo 2002/2003, o meu
professor de economia e finanças públicas propôs um trabalho de grupo cujo
assunto era “ Livro branco da segurança Social e a sua sustentabilidade”. Já
tinha consciência das diferenças entre o setor público e o setor privado no que
dizia respeito às reformas dos pensionistas e também na forma como os descontos
se efetuavam. Quando Durão Barroso chegou ao governo e fez o seu “discurso da
tanga” eu defendi que em termos de segurança social deveria se igualar o setor
publico ao setor privado e diminuir o nº de exceções ao regime geral da TSU
(fazendo exceções ao regime geral para o público e privado e não apenas para um
de ambos). O quanto fui criticado por ter essa ideia.
Tendo em conta que Portugal tinha
uma dívida pública abaixo dos 60% (ver quadro em cima), até me passou pela
ideia de o Estado também fazer como as entidades patronais privadas no que diz
respeito à TSU, ou seja, entregar á segurança social 23,75% do salário base dos
trabalhadores da função pública. Aproveitava-se a margem que ainda havia em
termos de dívida pública para que esta medida entrasse em vigor. Pois essa
medida apesar de aumentar a dívida pública, como se tratava de transferência de
fundos, não implicava aumento de défice. Se tal medida tivesse sido tomada nos
dias de hoje não estaríamos a por em causa a sustentabilidade da segurança
social. Em detrimento desta medida, António Guterres optou antes por engordar o
estado com mais pessoal que o necessário. Se porventura a ideia era a de
diminuir o desemprego e em contrapartida esse aumento da empregabilidade
conduzisse a um aumento de receitas na mesma proporção essa medida ainda se
poderia admitir mas não foi o que sucedeu, nem poderia.
Se nesse ano letivo soubesse o
que sei hoje, a primeira conclusão a que chegaria era a de que os pressupostos
de partida estavam errados e bastava utilizar o argumento da economia funcionar
de forma cíclica, dado que um dos pressupostos era o de que havia crescimento
constante.
“With desirable difficulty, you’re training your brain to think that something is important to your survival,” Benedict Carey, author of “How We Learn,” tells Business Insider. “You’re showing the brain that something is important by devoting mental energy.”
Spacing: Instead of trying to “cram” knowledge into your brain all at once, you return to a subject over a number of days. “It’s a richer mental act than when you’re just reading over,” Carey says.
Interleaving: If a topic or skill has component parts, alternate between them. If you want to get better at basketball, switch between passing, shooting, and rebounding instead of devoting yourself to one. “If information is studied so that it can be interpreted in relation to other things in memory, learning is much more powerful,” UCLA psychology professor Robert Bjork tells Psychology Today.
In short, the more mental muscle you use, the stronger the memory.
It’s powerful knowledge for learners — and educators.
“That’s why the teachers who are up to speed on this will encourage students to make their own outlines of material” instead of just handing them out, Carey says. “One’s a passive thing where you’re just getting it from the professor, but with the other you’re actually digging into the material.”
This article is published in collaboration with Business Insider. Publication does not imply endorsement of views by the World Economic Forum.